domingo, 6 de maio de 2012

Preconceito regional-econômico



Essa tabela, vez por outra, aparece em redes sociais.
Afinal, o que está por trás dos números? Já dizia o gaiato, a estatística serve para contar mentiras.

E qual mentira esses números poderiam contar? A natureza deles. Explico: esses números são resultados de planejamentos federais que tiveram impactos muito grandes no Brasil. Getúlio Vargas, por exemplo, ao abolir os impostos interestaduais, fortaleceu a indústria paulista, que era mais moderna pelo acúmulo de capitais oriundos do café e pelo uso de uma mão-de-obra qualificada (imigrantes italianos que já tinham experiência em indústrias).


Resumindo: o Brasil tinha pólos industriais espalhados pelo país e que sobreviviam graças ao protecionismo que GV derrubou. Como resultado, a indústria paulista se sobressaiu às outras, que entraram em falência. O nordeste (e norte) brasileiro foi, portanto, planejado para ser um pólo de pobreza, já que o sudeste foi planejado para ser um de riqueza.

Tentativas de crescimento falharam. Das várias que ilustram nosso passado, a Sudene é o exemplo mais interessante, já que ele acabou virando um balcão de negociação entre governo e a elite privilegiada do Nordeste. O dinheiro da Sudene que, no papel, deveria chegar aos pequenos produtores, acabou nas mãos dos latifundiários, historicamente beneficiados. Inevitável lembrar da relação política entre a elite agrária e seus representantes políticos com o governo federal.

Essa tabela indica que a pobreza de outros estados é resultado de um processo que fez com que estados fossem saqueados ou prejudicados pelo governo federal (em função do sudeste-maravilha) ao mesmo tempo em que elites locais se beneficiaram de tal processo - família Sarney que o diga.


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Uma outra discussão interessante é a análise sobre a indústria paulista. Será que ainda são essa locomotiva? Com qual indústria SP se assemelha mais: com a chinesa, com a europeia, com a americana.. ou com as maquilladoras mexicanas?

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