quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Obama, Chávez e Honduras

Por Gustavo

Desde que começou seu governo, o presidente estadunidense Barack H. Obama esteve rodeado por pressões (nacionais e internacionais), como a crise econômica e os conflitos no Oriente Médio. Washington chegou a interpretar como vitória diplomática de Obama a derrota do Hezbollah nas eleições do Líbano, o que evidenciou que EUA tenta manter influências em diversas zonas. Contudo, a crise em Honduras não fez Obama ter uma postura mais radical, como veremos a seguir.

Zelaya, presidente de um país cuja metade da população vive em situação de extrema pobreza, tentou reduzir a democracia representativa (a partir de plebiscitos permanentes) e provocar, nos moldes bolivarianos chavistas, um desequilíbrio entre os Três Poderes, além de tentar mudar as leis para que houvesse sua reeleição. A Justiça hondurenha considerou ilegal, mas os militares se precipitaram e o expulsaram do país, tomando o poder por sua ausência e perdendo uma oportunidade interessante de fortalecimento da democracia no país.

Como resultado, Honduras parece ter voltado aos anos 60, enquanto o mundo parece estar caminhando em outra direção. A primeira discussão possível se refere quanto aos limites da democracia, afinal, o que os hondurenhos pensam de tal reforma? Caso a vontade da maioria seja ilegal, como resolver isso? A segunda questão é centrada no ponto máximo em que países vizinhos devem ou não se intrometer em problemas alheios.

Não se pode esquecer que EUA, nesta década e no governo anterior a Obama, apoiou o golpe de estado contra Chávez na Venezuela. Contudo, o presidente venezuelano parece ter sido o grande derrotado neste momento, já que declarou que seu país poderia intervir militarmente em Honduras, motivo para a oposição o apelidasse de 'George Bush da América Latina'. A postura moderada de Obama, que não reconheceu o novo governo e condenou o golpe, mostra que, apesar de Zelaya ser chavista, EUA irão priorizar a democracia (ao menos, na América Latina), ao contrário do que poderia ocorrer em outros contextos e lugares. Veio de Washington o pedido de suspensão da linha de crédito de 270 milhões de dólares (que seriam usados em projetos sociais) enquanto Zelaya não estiver no poder.