Esta semana, o Professor Doutor de Climatologia da USP, Ricardo Augusto Felício, foi ao Programa do Jô Soares para falar sobre o Aquecimento Global, que é um tema muito polêmico. Há um pensamento dominante que diz que o homem tem participação no aumento das temperaturas do planeta, sendo que há discordâncias apenas com relação ao modo como isso aconteceu (briga entre os que falam que é culpa exclusiva das indústrias-desmatamento-CO2 e aqueles que apontam que apenas aceleramos o aquecimento, originalmente natural).
Segue a entrevista.
Alguns sites promoveram discussões entre seus usuários, e o que se viu foram pessoas que apoiaram o professor, bem como pessoas que discordaram dele a partir de vários argumentos (às vezes, confundindo degradação ambiental com aquecimento global). Aziz, por exemplo, contestava a forma com que o aquecimento global é visto pela maioria, afirmando que a importância das correntes marítimas era desprezada na análise.
O geógrafo afirma ser impossível o fato de um estudo apresentado no Rio de Janeiro no início da semana ter previsto que o aquecimento global poderá reduzir em até 60% a mata atlântica brasileira.
Para Ab'Sáber, muitos cientistas estão esquecendo de considerar as correntes marítimas brasileiras. "Elas vão continuar mais ou menos como hoje."
Para Ab"Sáber, as causas que permitiram a "retropicalização" do Brasil depois do último período de glaciação serão apenas reforçadas agora.Analisando as discussões, me pergunto: ele foi compreendido?
"As correntes marítimas de água quente, na atualidade, migram até o sul do Brasil a partir da região equatorial. Desconsiderar isso implica errar tudo".
Ao que tudo indica, não. Que as perguntas não foram bem feitas, todos sabem, afinal, Jô não gosta de entrevistado que brilha mais que ele próprio. Contudo, o Prof. Dr. Ricardo teve um tom de fala de talk show. Não se pode esperar que, num programa como esse, se possa abordar algo tão polêmico quanto o questionamento do aquecimento global.
O grande público, ao ver a entrevista, provavelmente ficou em dificuldades para entender a questão de escala. O desmatamento em uma região qualquer alterará o micro-clima, sim, mas não terá força para competir, em escala global, com a ação do sol ou dos oceanos (o Pacífico, conforme citado pelo professor, ocupa quase 1/3 do planeta). Por exemplo, um segundo de luz solar tem mais energia que tudo aquilo que foi gerado pelo homem desde a primeira revolução industrial. Ainda que ele tenha sido muito irônico (o que foi audacioso, já que ele foi radicalmente contra a maré), ficou clara em sua fala que, do ponto de vista climatológico, o homem tem baixa participação nas mudanças climáticas.
Aliás, há aquecimento? O Prof. Molion diz que não..
UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as temperaturas médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.
Molion: Depende de como se mede.
UOL: Mede-se errado hoje?
Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações estão sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.
UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?
Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos computadores da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de mil e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para que, ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.
A discussão é boa e há muito pano pra manga, embora tenha deixado de ser científica e passado a ser econômica e política, mas tem tudo para virar religiosa em pouco tempo..
Nenhum comentário:
Postar um comentário