domingo, 6 de maio de 2012

Aquecimento global e o professor da USP


Esta semana, o Professor Doutor de Climatologia da USP, Ricardo Augusto Felício, foi ao Programa do Jô Soares para falar sobre o Aquecimento Global, que é um tema muito polêmico. Há um pensamento dominante que diz que o homem tem participação no aumento das temperaturas do planeta, sendo que há discordâncias apenas com relação ao modo como isso aconteceu (briga entre os que falam que é culpa exclusiva das indústrias-desmatamento-CO2 e aqueles que apontam que apenas aceleramos o aquecimento, originalmente natural).

Segue a entrevista.





Alguns sites promoveram discussões entre seus usuários, e o que se viu foram pessoas que apoiaram o professor, bem como pessoas que discordaram dele a partir de vários argumentos (às vezes, confundindo degradação ambiental com aquecimento global). Aziz, por exemplo, contestava a forma com que o aquecimento global é visto pela maioria, afirmando que a importância das correntes marítimas era desprezada na análise.

O geógrafo afirma ser impossível o fato de um estudo apresentado no Rio de Janeiro no início da semana ter previsto que o aquecimento global poderá reduzir em até 60% a mata atlântica brasileira.
Para Ab'Sáber, muitos cientistas estão esquecendo de considerar as correntes marítimas brasileiras. "Elas vão continuar mais ou menos como hoje."
Para Ab"Sáber, as causas que permitiram a "retropicalização" do Brasil depois do último período de glaciação serão apenas reforçadas agora.

"As correntes marítimas de água quente, na atualidade, migram até o sul do Brasil a partir da região equatorial. Desconsiderar isso implica errar tudo".
Analisando as discussões, me pergunto: ele foi compreendido?
Ao que tudo indica, não. Que as perguntas não foram bem feitas, todos sabem, afinal, Jô não gosta de entrevistado que brilha mais que ele próprio. Contudo, o Prof. Dr. Ricardo teve um tom de fala de talk show. Não se pode esperar que, num programa como esse, se possa abordar algo tão polêmico quanto o questionamento do aquecimento global.

O grande público, ao ver a entrevista, provavelmente ficou em dificuldades para entender a questão de escala. O desmatamento em uma região qualquer alterará o micro-clima, sim, mas não terá força para competir, em escala global, com a ação do sol ou dos oceanos (o Pacífico, conforme citado pelo professor, ocupa quase 1/3 do planeta). Por exemplo, um segundo de luz solar tem mais energia que tudo aquilo que foi gerado pelo homem desde a primeira revolução industrial. Ainda que ele tenha sido muito irônico (o que foi audacioso, já que ele foi radicalmente contra a maré), ficou clara em sua fala que, do ponto de vista climatológico, o homem tem baixa participação nas mudanças climáticas.

Aliás, há aquecimento? O Prof. Molion diz que não..

UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as temperaturas médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.
Molion: Depende de como se mede.

UOL: Mede-se errado hoje?
Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações estão sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.

UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?
Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos computadores da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de mil e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para que, ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.

A discussão é boa e há muito pano pra manga, embora tenha deixado de ser científica e passado a ser econômica e política, mas tem tudo para virar religiosa em pouco tempo..

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