quinta-feira, 18 de maio de 2017

Precisamos falar sobre a política nacional

Vivemos no sistema capitalista, embora algumas pessoas finjam que isso não existe ou não deveria ser interpretado como algo que não é natural per si.
Dentro desse modelo, muitos entendem que a democracia é o modelo mais adequado, embora talvez seja necessário resgatar o debate de qual tipo de democracia deveríamos ter no Brasil. Afinal de contas, será que nossa democracia representativa não tem algo para melhorar? Um dos sérios problemas que possuímos é a relação entre candidatos e empresas financiadoras. Há solução para isso?
Em 2013, muitas manifestações ocorreram no Brasil e, como consequência, foi apresentado um projeto de plebiscito que abordaria cinco pautas: 
- financiamento de campanhas;
- sistema eleitoral;
- suplência de senadores;
- coligações partidárias;
- voto secreto;
Em suma, tentou-se acalmar os humores da sociedade mediante uma reforma que poderia acabar dificultando a relação obscena entre quem têm dinheiro e os políticos. Ademais, propunha-se debater se o poder deveria estar somente nas capitais e em Brasília, abrindo à discussão se o voto distrital não seria mais vantajoso do que o atual modelo, centralizado no Planalto Central.
Na época, pessoas próximas a mim afirmavam que esse era um projeto bolivariano (uma confusão comum era de tratar esse termo como se fosse sinônimo de socialista) e não era possível estender qualquer debate sobre o tema. O projeto foi arquivado e, anos mais tarde, as relações entre financiados e financiadoras continuam a todo vapor.

O que um agente capitalista deseja ao financiar um político?
Vantagens, naturalmente. Ao mesmo tempo em que pessoas defendem o livre mercado, elas sabotam a concorrência através da proximidade a políticos; a reforma trabalhista, por exemplo, altera 120 pontos que vão complicar bastante a vida dos trabalhadores sem que haja algum tipo de danos aos patrões. É, portanto, um projeto controlado por uma classe política muito lúcida com relação aos seus interesses.

O que um agente capitalista não deseja ao financiar um político?
Que isso seja infrutífero ou que a empresa se sinta enganada por seu protegido. Não existe almoço de graça e não é qualquer um que se dispõe a ceder milhões se não houver contrapartida.

E a JBS, hein?
A empresa, apesar de colaborar com o governo pagando a mesada do Cunha, foi investigada no ano passado e foi associada à operação Carne Fraca (alguém lembra da denúncia de que havia papelão nas linguiças e todo esse papo?). Todos esses fatos foram danosos à imagem da empresa. à distância, observou a Odebrecht  fazer de tudo para não revelar ou entregar os políticos envolvidos, pois havia imaginado que o presidente dessa empresa não seria preso, mas ele foi e a JBS não deve ter reagido internamente bem.
Existe uma diferença entre "flagrantes preparados" (alguns consideram ilegais, por instigarem o autor a praticar o fato ou darem determinada declaração) e "ações coordenadas" (uma mera medida em que a ação policial capta algo que aconteceria natural e normalmente). A JBS deu o recado: se necessário, as empresas vão entregar todo mundo.

E as perspectivas sobre o Brasil?
Separei algumas reflexões, a serem observadas a posteriori:
- não acredito que o escândalo envolvendo o PSDB e Temer sirvam de cortina de fumaça para aprovarem as reformas trabalhistas e da previdência - parece-me que foram completamente impensadas;
- se o Brasil fosse um país sério, a JBS seria exemplarmente punida, já que sabia que o real desvalorizaria e comprou muitos dólares entre ontem e hoje. O capitalismo não é para tolos, mesmo;
- graças ao golpe do ano passado, o Brasil não pode ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, para desgosto de Celso Amorim, que viu seu lugar ser ocupado por José Serra e Aloísio Nunes. Uma nova mudança no governo seria trágica;
- falando em mudança no governo, provavelmente as taxas de juros aumentem sob pretexto de atrair os investidores internacionais, mas a população carece de alfabetização sobre o tema. Algum dia, entenderão o quanto essa irresponsabilidade política lhe será prejudicial.

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