sábado, 19 de julho de 2014

Tanto mar..

Quando o avião da Maylasia Airlines (MH-370) desapareceu, no início do ano, cogitou-se que tivesse sido encontrado ao sul da Austrália. Ao chegarem no local, entretanto, viu-se que não eram destroços do avião, mas contêineres que boiavam nas águas do extremo austral. Noticiou-se que poderiam ter caído de um navio, embora muitos tenham sido suspeitado que seria lixo atirado pelos chineses, como se fosse normal deslocar um navio a fim de atirar rejeitos próximo à Antártida.

Há muito que nossa relação com os oceanos nos criaram uma outra preocupação, mas desta vez ligada aos Estados Unidos: está se formando um "continente" de plástico a partir daquilo que o país atira em tais águas. Sim, trata-se de outro caso em que se prefere transferir o problema a resolvê-lo adequadamente.


Lembre-se que, num primeiro momento, o problema não é o lixo, mas lixo. O início dessa discussão já é complicado, pois o termo lixo é, em si, depreciativo e criador da ideia de que aborda algo que não tem nenhum uso ou valor. Por isso que é melhor abordar tais materiais não com tal termo, mas como resíduos.
Dito isso, aborde-se quantos e quais são os tipos de resíduos, a saber:
- sólido: aquilo que (quase) todo mundo sabe que é reciclável;
- úmido: também pode ser reciclável e, grosso modo, aborda tudo aquilo que pode virar adubo;
- humano: aquilo que sai dos hospitais e de nossos corpos;


Como diz o sábio, "até o mundo dos minerais sabe" que para tudo há um custo. Analise-se nosso sistema de produção: extrai-se recursos de lugares afastados, mormente de lugares pobres, e se transfere a pontos de concentração de produção (em geral, aqueles lugares que têm economia deformada por interesses econômicos e políticos externos). Tal situação é tão intensa que nunca o planeta foi capaz de transportar tantos sedimentos como a humanidade conseguiu nas últimas décadas, ano a ano.

O problema não é o que se produz. É como se produz.

Estamos tratando de um sistema que não quer anteder às necessidades, mas criá-las. A moda, a tecnologia (e sua obsolescência programada), os índices de (des)emprego, as taxas de crescimento do PIB - tudo demonstra que estamos, com  crédito, comprando coisas que pretendemos jogar no lixo. Sequestraram aquilo que usa-se em troca de comprar depois novamente o mesmo produto disfarçado de inovado.
Como li outro dia, a diferença entre o trabalho escravo e o assalariado é que em um deles o dinheiro não acaba no final do mês..

Muito Uruguai faz isso com as pessoas - a slow life permite perceber que é necessário discutir e debater tudo aquilo que nos rodeia, embora para muitos tal processo tenha se tornado natural. É natural que se trabalhe para ter o que não se pode, assim como é natural que haja um sistema em que muitos trabalhem pelo bem-estar de poucos. Questionar o natural soa utópico ou maluco.. nesse tempo, nossa sociedade parece se portar como quem não sabe interpretar o passado ou se preparar para o futuro. "Já não há diferença intelectual entre os homens e seus cachorros", diriam alguns.

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