segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Não falta água apenas, faltam também vida e política públicas



Muitas vezes se diz às crianças que as enchentes acontecem por causa do lixo que é atirado pelas pessoas, o que isenta o governo de suas más administrações e põe a culpa do problema naqueles que mais sofrem com ele. Até vinheta da Globo já teve indicando isso, à medida que a personagem jogava lixo na rua e a enchente a deixava cheia de garrafas e demais resíduos acumulados em todos os lados. Essa resposta é uma opção política, capaz de agradar o lado mais perverso de nossa classe média ("Mas de quê reclamam? Se moram ali, é porque querem, oras.."). Uma equação bem antiga, mas que ainda ecoa nas escolas atuais e cérebros antigos.

Às vezes, explicar política às crianças deveria ser um exercício fundamental para fazê-las entender que o mundo não é dividido entre eles x nós. Há diversos elementos que podem trazer questionamentos, e reduzir o debate através da demonização de um lado apenas faria com que o debate de ideias tangenciasse perigosamente a violência. É necessário que lamente-se o fato de que as crianças não parecem se interessar tanto assim por política - aliás, a maior parte dos jovens parece seguir esse rumo. É mais fácil ficar no mundo da superficialidade e das informações associativas do que aprofundar-se em temas muito abstratos (às vezes, obscuros até, como é o do domínio da política).


 










Mas tudo muda quando falta água.